MEU AMOR É SEU
09:33:00
Desde pequena pedia, esperneava, implorava por um cachorro. Até
que então em um dia despretensioso minha avó, a mulher que me criou e com quem eu
morava, chegou com uma coisinha, marronzinha, pequeninha e muito fofinha em
casa. Eis minha primeira cachorra, que foi adotado em uma clínica e já veio com
nome, o de Rebeca.
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Rebeca e eu pequeninas |
Logo de cara a pestinha quando nem tinha 1 ano de idade, já fugiu
de casa e ficou prenha. Nós, da família, imaginávamos que por sua pouca idade,
se ela chegasse realmente a ter filhotes, os ignoraria. Rebequinha teve dois filhotinhos, e eu, obviamente, escolhi os nomes. Morgana e Nino. Castelo Rá-Tim-Bum feelings.
Rebeca surpreendeu a todos com o seu amor pleno e ciúmes exagerado pelos pequeninos.
Era uma amiga mais do que compreensível.
Sempre que eu reclamava ela me ouvia e me dava a melhor resposta, que era um
olhar terno que fazia eu esquecer dos meus problemas e corria logo para aperta-la.
“Vamos passear?!” era sua frase preferida. De dia ou de noite, com
frio congelante ou sol ardente, “Beca”, estava sempre disposta para sair. Todos
do bairro a conheciam. Tanto pelo seu temperamento escandaloso quanto pela sua
fofura. Tapetes eram o seu apego. Não podia ver um que já se deitava. Quando amanhecia
lá estava ela, exprimida na parede para seu banho de sol diário. E pedir
petiscos do almoço era a sua especiaria.
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Metida, posando para a foto |
Me apertava o coração quando a via com gravidez psicológica,
procurando por seus filhotes que só existiam em sua imaginação. O leite,
durante este período que acontecia uma vez a cada ano, escorria pela sua perna.
E seu olhar aflito me dava pena. O tempo passou e a minha pequena ficou velinha
adepta ao Whey Protein. Todo sadia ainda latia para todos os homens que
passavam na sua frente. E se engraçava perante as mulheres.
Rebeca foi sacrificada em janeiro com um tumor que tomava conta de
todo o seu corpo. Eu estava dormindo quando ela faleceu. Não tive tempo de me
despedir. Mas pretendo deixa-la marcada neste blog e em minha pele, como uma
forma de demonstração por todo o afeto que um ser tão pequeno e inofensivo, o “amor
da vida” como eu a chamava, me proporcionou dos 10 anos aos meus 23.
Se no céu dos cachorros existe computador, espero que esteja lendo isso e me perdoe pelo o que eu falhei. Você sempre será a minha cachorra preferida.
E sim, você fez que eu gostasse mais de animais do que gente.
Obrigada.
Obrigada.
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