Ilustraçao: Lucas Ribeiro |
Desde
de que te vi te achei excêntrico e estranho. Dois “E’s” complementares. O seu
cabelo enrolado mostrava sua autenticidade. As suas músicas um ponto lírico em
meio as confusões amorosas.
As
camisas xadrezes e os óculos redondos te faziam o típico hipster que certas
garotas deliram ao ver. Mas isso na cidade grande. Em cidade pequena você era
apenas um menino muito estranho, que jamais usava bermuda e diariamente tomava café
em pleno pico de sol nas cabeças ambulantes.
Quando
falava causava risos. Mesmo reclamando da faculdade e da namorada o tempo todo.
Você sempre foi engraçado. E sempre andava com as mesmas pessoas. Como se elas
te bastassem, como se elas fossem as únicas necessárias naquele momento
da sua vida.
Uma
era Carol, menina com pesos psíquicos e muito deboche na lábia e Paulo, o
garoto inconveniente e solitário que se provava cada vez mais estranho que
você. Assim eles te bastavam.
Em
uma ligação escutei você gritar: “você nem me beija mais e quer que eu vá te
visitar? Pra quê?”. Era sua namorada. Ou então a garota que você não se distanciava e que fazia parte das suas reclamações semanais. Confesso que nunca entendi seu amor pelo desprezo
de(s)graça. Horas sentia que era amor demais e horas sabia que de amor, ali,
nada havia.
Em
um dia chuvoso, você passou pelo corredor e esbarrou em mim. Nos olhamos e
sorrimos. Você disse que precisava falar comigo e eu assenti.
Nunca
mais te vi.