Estou vivendo um período em que
tento me manter focada nas coisas que, realmente, possuem potencial para mudar
a minha vida. No meio dos meus planos, estão as redes sociais, como o Instagram,
que acabam sugando a atenção. O Instagram é uma rede visual, uma rede de
contatos, de divulgação de serviços, de auto promoção, enfim, o que não falta é
a criatividade das pessoas para utilizar suas multifacetas.
Se não me engano, comecei a
utiliza-lo em 2012, há 7 anos. A câmera do meu celular era terrível, com baixa
qualidade e nem flash tinha. Mesmo
assim, já me aventurava nos cliques. Na época, o maior número de likes que eu já tinha visto em alguma
foto, era de 30. O aplicativo era algo leve, divertido, um local para montar um
álbum dos seus melhores momentos. Aliás, poucos dos meus amigos possuíam o
aplicativo.
No meu Instagram estavam: pessoas
queridas, amigos, influencers, um monte de gente que eu nem conheço mas seguia
ou eram interessantes ou eram bonitos, o meu feed, minhas fotos, minhas ideias,
enfim, o meu mundinho e o mundinho dos outros. O problema é que esse mundinho
vicia. Esse mundinho toma seu tempo. Esse mundinho é fútil. Esse mundinho faz
você se sentir mal por não ser tão bonita quanto o outro. Esse mundinho nem
sempre reage como você espera e as frustrações surgem. Esse mundinho quebra
suas expectativas. Esse mundinho te suga tanto e te devolve tão pouco, recheado
de grandeza vazia.
Eu perdia horas assistindo vídeos
de gatinhos engraçados, curtindo perfis de meninas com corpos esculpidos pelo
photoshop, acompanhando a vida de famosos que viviam viajando, filmando tudo
com a maior naturalidade do mundo, ficava stalkeando pessoas que não mudavam em
nada a minha medíocre e simples vida, além de, estar sempre tentando tirar as
melhores fotos para ter o maior número de likes. Um coração nunca foi tão
mendigado para uma satisfação tão mal resolvida.
Essa era a minha vida no Instagram
e, eu sei que se assemelha à vida de milhares de pessoas também - existem até aquelas pessoas que chegam ao
ponto de arquivar fotos que não têm mais de 200 likes. Perdia tempo, perdia meu
foco, confundia minhas prioridades, confundia valores, fui me afundando e
quando via, eram 3hrs da manhã e no outro dia tinha que acordar cedo para fazer
algo de relevante na minha vida e não conseguia pelo sono que atormentava.
Quando eu desativei, muitas
pessoas chegaram até a mim – e chegam ainda, e me questionavam: “mas por que
você desativou o instagram? É tão bom. Você vai ficar alienada das coisas”. Como
se eu precisasse saber que a Anitta está dando mais uma das suas festas na sua
mansão, rebolando a raba com o Nego do Borel e a Jojo Todynho. Não sou
hipócrita de negar que fico de fora de muita coisa, mas me considero bem
informada por meio do meu twitter e realizando pesquisas diárias em vários
sites. Quanto ao resto das “informações” que não tenho acesso, me sinto uma
“desinformada plena”.
Ao desativar o instagram, eu vi
que me libertei de viver em função do mesmo. Por exemplo, eu sempre amei
fotografia, mas eu não estava tirando foto pelo prazer de tirar, de estudar a
luz, de estudar o ângulo e ter o clique, mas sim para postar e ser reconhecida.
O mesmo acontecia com os meus momentos, tanto individuais quanto em grupo. Eu
postava para ter reconhecimento do quão divertida e descolada eu sou.
Quanto
aos seguidores, a percepção foi de não perpetuar a minha curiosidade. Parei de
saber da vida dos outros e me reservo a surpresa do saber pelos diálogos, que
sempre são marcados pela frase: “Como você não sabe? Eu postei no Instagram!”-
já me acostumei. Além de não saber das futilidades dos famosos (que era
viciada), que sempre pintam em alguma outra rede, então continuo sabendo até
daquilo que não quero saber.
Nos tornamos, me incluo nessa, em
uma sociedade que vive pautada no reconhecimento e não sabemos lidar com
rejeições e críticas. Os outros são vistos para aumentar nossa estima, se for
para o contrário, não nos serve. Postamos para ter e não mais expor o que é
bacana para nós. Desativar o instagram foi uma das melhores coisas que eu já
fiz recentemente.
Esse vídeo da Lili Prata, expressa
bastante este meu pensamento. Aliás, fica a dica dos outros vídeos dessa
maravilhosa, que fala bastante sobre as questões existenciais. Ah, e antes que
falem alguma coisa, NÃO, ISSO NÃO É UM TEXTO PATROCINADO.