A CRISE

11:08:00

Coração começa a palpitar progressivamente. O estranhamento do próprio corpo surge. Os pensamentos soam estranhos, meio rápidos. Pico de falta de ar. Coração acelera ainda mais e parece que vai saltar pela boca. Vozes e pensamentos cochicham. Será loucura? Será caso de internação? 

As mãos começam a formigar. Um calor abrupto adentra os poros. O choro vem carregado de angústia. Forte e invencível; começa e não tem hora para terminar. Por trás das lagrimas o sentimento de quando se perdeu dos pais em pleno centro da cidade em um domingo movimentado, quando tinha apenas 4 anos. Do sofrimento que passou quando os avós faleceram. O inconsciente desperta fervorosamente.

Se senta no chão. Com a mão nos ouvidos implora para que as vozes parem de falar, para que a mente volte ao normal. Grita por socorro. Ninguém a sua volta. Começa a bater no chão e em tudo que está ao seu redor. “Eu estou ficando louca meu Deus. Me ajuda!!!”. “Não quero ser internada”. “O que é isso? ”.“Não sou maluca, mas me sinto como uma” e “Socorro”, são as primeiras frases proferidas como uma suplica. 


Crédito: Felipe Guga
Quinze minutos de pura insanidade permanecem. Depois chega a exaustão. A falta de entendimento perpetua no momento. Retorna a chorar pelo susto. Mas agora totalmente consciente e controlável. A angustia passa, o coração tem os batimentos normalizados e a força da violência cessa. Cessa a crise. Cessa o pânico. 

Inicia-se o tratamento. Iniciam-se as cessões semanais. Iniciam-se as dosagens diárias para conseguir trabalhar e depois desacelerar no período noturno para ter o merecido descanso. Inicia-se a fase pós doentia. Inicia-se outra vida após a crise. Inicia-se a solidariedade do próximo. Inicia-se a fase de entendimentoInicia-se a recuperação de si. 

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