FOI MAIS QUE AMOR
14:13:00
Hoje me peguei pensando em você.
Não em você. Você. Do dia em que você disse que não queria matar ninguém quando
acionasse o portão eletrônico que era enloquecidamente ágil. Cai na risada. Ahhh,
e como não recordar da forma como tudo começou: com um bilhetinho colocado no seu carro com a cantada mais
barata, porém, eficaz. Abri um sorriso ao lembrar do dia que fomos à beira d'água de
roupa e ficamos pasmos em como não pensamos em levar roupa de banho. Perdemos a
oportunidade de nadarmos vestidos ou pelados mesmo. Na volta, com o sol se
pondo ao nosso lado, com os cabelos livres e o vento refrescante beijando nossas nucas, escutávamos à Tulipa
e cantarolávamos em coro bem desafinados nos olhando telepaticamente. Foi a imagem idealizada de quando eu era criança mas já me imaginava adulta. Me lembro
da cena em que eu estava de quatro, vomitando, e você paciente ao meu lado. Na verdade, eu passei mal várias vezes na sua companhia. Em todas essas ocasiões você foi paciente, cuidadoso, carinhoso, preocupado e, um tanto assustado com o
meu potencial de meter o pé na jaca. A cena, sequente, que me vem à mente, sou eu, toda
molhada do banho na cama, deitada no seu colo, enquanto você dormia sentado escorado no
guarda-roupa. Teve ensaio fotográfico também porque sua beleza tem que ser
exaltada. Olho as fotos e é inevitável não sentir vontade de voltar no tempo. Também teve estranhamento entre nós. A distância do dia a dia fazia com que
nascesse o sentimento de grude gratuito e, quando menos esperávamos, estávamos nós, fazendo alongamento numa tarde de sábado, na sala da sua casa, se odiando. Tudo isso porque logo a despedida viria e com
ela a saudade e, por fim, tudo que há mais de bonito no reencontro. Foi um bom
romance, o qual me guia quando surgem questionamentos familiares sobre relacionamentos.
O nosso foi leve, denso, intenso e frouxo. Não nos amamos e questionamos. Acho
que é porque foi mais, bem mais do que 4 letras.
0 comentários