CALMARIA PÓS TEMPESTADE

10:16:00

Crédito: Felipe Guga
Agora tudo está mais calmo. A ventania amenizou. A maré baixou. As nuvens escuras se espalharam. O sol nasceu novamente. A água enfim clareou. Depois de tanto tempo, e coloca tempo nisso, você não faz mais falta nos meus dias. Depois de acordar você de longe é a última pessoa que eu penso antes de dormir. Minhas noites de sono não são mais tumultuadas pela sua presença. Além disso encontrei um novo jeito de dormir na cama sem achar que ela é grande demais para uma pessoa só.

O acaso se faz meigo e gentil comigo, no momento. Meu dedo anelar está mais leve e as igrejas me acolhem docilmente, sem traumas. Olhar crianças espevitadas nas ruas não me recordam que, um dia, quis construir uma família com você. Casas grandes com anuncio de “vende-se” não fazem meus olhos marejarem. Já, hoje, apartamentos pequenos e aconchegantes fazem mais meu estilo.

Me dei a oportunidade de ir sozinha ao cinema, restaurantes e até na cafeteria que costumávamos frequentar e experimentar a liberdade de olhar ao redor, de enxergar que o mundo que me rodeia vai além da minha perda. Os diálogos com meus amigos deixaram de ser melancólicos e o gosto do vinho, que tu apresentaste, não corta a garganta com o gosto amargo da lembrança.  

As cessões com a psicóloga não são mais sobre a dor que foi te perder e sim sobre o aprendizado das circunstâncias. E quês circunstâncias. Entendi que no fundo e na superfície ninguém foi vilão e nem herói. Nesse mar de situações, fomos apenas uma tempestade que precede a calmaria.

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